quarta-feira, 11 de julho de 2012

Capítulo 50 Regressão e morte

E, pelo menos pela última vez, eu queria dizer isso à ele.
Eu queria pedir para ele não me abandonar aqui, sozinha, porque, por mais que estivéssemos longe, eu estaria feliz em saber que ele existe.
Eu só queria que ele não se fosse.
Fiquei um bom tempo com Harry enquanto Charles dormia. Pude perceber que o garotinho sentia a tensão e sabia que seu pai e irmão estavam mal, talvez tenha sido esse o motivo pelo qual ele não desagarrou do meu braço.
Eu havia cochilado e acordei com Charles chorando. Levantei-me e fui até o berço onde meu bebê chorava desesperadamente. O coloquei no colo e chequei se estava com fome, se a fralda estava suja, se estava com frio, mas tudo parecia estar normal, exceto pelo choro insessante de Charles.
– Calma, meu amor. A mamãe está aqui. - O balançei de leve segurando sua cabeça contra meu peito.
Olhei para a porta e vi Harry andando em minha direção, ele arrastava uma fralda e chupava seu polegar.
Segurei sua mão e o coloquei em sua cama, ali no quarto mesmo, sentando ao seu lado enquanto aninhava Charles.
Harry demorou a dormir de novo já que Charles não parava de chorar. Eu estava preocupada, talvez houvesse algo de errado com meu bebê e o fato de Jason também estar no hospital piorava tudo. Eu não queria que outra criança tivesse que parar lá também. Já haviam se passado aproximadamente uma hora e Charles não parecia ter se acalmado, ao contrário, ele estava cada vez mais agitado.
Senti meu coração apertar ao sentir uma das mãozinhas de Charles puxar uma mecha de meu cabelo, que estava perto de seu rosto, chorando dolorosamente.
– O que há de errado com você? - Perguntei começando a me desesperar.
Ouvi a porta se abrir lá embaixo e corri para ver quem era.
Vi Christian entrar com o olhar baixo. Meu coração acelerou e eu me perguntei o que teria acontecido.
– Chris eu preciso de sua ajuda, tem algo de errado com Charles e eu não consigo fazê-lo parar de chorar. - Disse preocupada e ele levantou o olhar, engolindo seco.
Christian se aproximou e umedeceu os lábios, tocando a cabeça de Charles.
– O que aconteceu? - Perguntei sentindo minha respiração ficar pesada. - Justin está muito mal? Jason está bem?
– Não é isso. Justin está bem, ele está dormindo agora. Felizmente nenhuma das balas atingiu órgãos ou veias importantes. - Chris disse e parou de falar de repente.
– E o Jason? - Minha visão embaçou ao repetir o nome de meu filho, enquanto senti meu coração diminuir cada vez mais.
Chris abaixou a cabeça e mordeu os lábios.
– Ele se foi. - Ele sussurrou.
Senti meu rosto se contorcer e eu fechei os olhos com força. Ele não quis dizer que Jason estava morto, quis?
– O que isso significa, Chris? Por favor... Me diga que meu filho está bem. - Disse sentindo Charles ficar rígido em meu colo, como se tivesse entendido.
– Ele está melhor que todos nós agora. Ele está no céu. - Christian disse e eu não aguentei.
Só tive tempo de entregar Charles à Christian e logo senti minha visão escurecer, em seguida senti também uma grande fraquesa nas pernas e apaguei.
P.O.V Justin
Eu ainda tentava entender o que estava acontecendo. Ouvi várias vozes e senti uma movimentação, mas não consegui esboçar reação alguma. Agora eu estava parada em algum lugar e estava quente pra caralho. Tudo estava escuro por eu não consegui abrir os olhos, mas eu tinha plena consciência de que haviam furado meu braço direito.
Do nada eu ouvi a voz de Jessica e a imagem dela no porão de minha antiga mansão. Com um tipo de solavanco, meu corpo balançou e eu vi Jessica tomando banho enquanto eu estava com uma garota a observando. Em seguida vi cenas do dia do sequestro de Honor, Jessica chegava mancando e nós tivemos que levá-la à um hospital. Vi Jessica me abraçar enquanto estávamos em um tipo de jantar, ela me disse coisas bonitas e eu parecia bêbado. Vi Brandon e em seguida ouvi algo como um tiro. Vi toda a família Thifford morrer e eu tendo que levar Harry até em casa, o amarrando no porão. Vi Ryan entrando em minha casa e tirando Camila de lá. Mais um solavanco e eu vi Jessica com o pequeno H nos braços, eu parecia amá-lo tanto quanto o amo hoje. A cena do assalto em Londres surgiu e eu vi Chaz ser atingido. Pulando mais alguns solavancos eu vi o enterro dele e senti uma dor enorme no meu tórax, seguida por vozes e coisas caindo, mas aquilo parecia estar fora da minha cabeça.
– Nos estamos perdendo ele. - Alguém disse e eu senti mais um solavanco.
Vi Jessica chorando e muitas cenas apareceram de uma vez. Ryan. Polícia. Cadeia. Taylor. Nolan. Escuridão e vozes. Jessica. Harry. Bebês.Tudo parou. Senti falta uma dor forte no peito e um tipo de choque passou por todo meu corpo, do tórax às extremidades.
Vi que eu segurava duas crianças e uma delas era Charles. O outro bebê tinha o mesmo tamanho e cor de meu filho, mas eu não via seu rosto. Era como olhar para o sol, eu só via uma forte luz.
De repente essa criança começou a desaparecer como se estivesse ficando invisível aos poucos. Ouvi um grito e senti mais um choque passear em meu corpo. Vi Jessica abrançando Christian e ela parecia desesperada.
E então tudo ficou quieto de novo. Nenhum solavanco, choque, dor, voz, imagem. Nada.
Eu sabia que estava perdendo minha consciência e eu estava ciente de que eu havia sido baleado. Eu sabia que ia morrer e de uma hora para a outra as imagens fizeram sentido. Era algo como as pessoas dizem, um tipo de regressão antes da morte, mas algo no final não estava no passado. Eu nunca vi Jessica chorar abraçada à Christian.
Mas não importava. Talvez aquilo significasse que ele estaria ao lado dela quando chegasse a notícia de que havia morrido. Era exatamente o que eu sentia, pode parecer muito drama para um cara como eu, mas eu não achei que houvesse um jeito de me livrar da morte mais uma vez.
Eu confesso que estava desesperado porque eu não tinha forças o suficiente para abrir os olhos e estava me sentindo um incapaz. Mas isso não era o pior. Eu não havia tido tempo de dizer a Jessica o quanto eu a amava.
...
– Ele já deve acordar. - Alguém disse e eu franzi a testa.
– Ele está bem mesmo? - A voz era claramente de Kenny.
– Sim, apesar da parada cardíaca que ele sofreu há três dias atrás, tudo está normal. Seu garoto é forte. - A mesma voz -que era masculina- disse e eu me perguntei se eles estavam falando de mim.
– Que ótimo. Tomara que ele se recupere logo, Jessica precisa dele. - Kenny disse e eu abri os olhos ao ouvir o nome dela.
As coisas estavam turvas, mas eu vi os dois borrões ao lado de minha cama.
– Justin? - Kenny perguntou colocando uma mão em minha testa e a outra ao lado de meu rosto.
Tentei responder, mas minha garganta estava seca demais. Levantei um dos braços, e segurei o braço de Kenny.
– Está se sentindo bem? - O doutor perguntou e eu assenti, apesar de estar me sentindo meio cansado.
– Ele já pode ir embora? - Kenny perguntou.
– Ainda não. Eu vou trocar o soro dele e o examinar rapidamente. - O doutor disse pegando uma prancheta.
Ele anotou alguma coisa enquanto olhava os aparelhos e elaguns papéis. Em seguida o homem fez um sinal para Kenny e saiu da sala.
Vi Hamilton andar até uma poltrona distante e se sentar lá, todo desleixado.
– Vai... - Umedeci os lábios. - Vai me dizer o que aconteceu com Jessica? - Umedeci os lábios novamente engolindo um pouco de saliva. - Por que ela precisa de mim?
Kenny suspirou e apoiou os cotovelos no joelho, em encarando.
– Eu não vou mentir pra você. Sei que é arriscado e isso pode te causar alguma reação indesejada, mas eu preciso que você seja forte por Jessica. - Kenny disse e eu assenti franzindo a testa.
– O que houve?- Quando te trouxemos pra cá, Jessica também estava aqui por causa de Jason...
– Sim, ele não estava bem da última vez que o vi. - Disse lembrando de ver Jessica correndo para um carro com Camila e as crianças.
– Mas agora ele está. - Kenny disse.
– Cara, que notícia ótima! - Disse suspirando aliviado enquanto fechava os olhos fortemente.
– A Jessica está muito abalada e... - Kenny continuou, mas o interrompi.
– Como assim? Abalada por que? O nosso filho não está bem? - Perguntei confuso.
Kenny alisou sua própria nuca como se estivesse agoniado e me encarou novamente.
– O Jason morreu.
Minha duas mãos cobriram meu rosto e eu as escorreguei até minha testa, cabeça e nuca, passeando com os dedos pelo pouco de cabelo de nascera.
– Me desculpe por dar a notícia desse jeito, mas eu não sabia como te contar. - Kenny disse.
Mordi os lábios e respirei fundo, negando com a cabeça. Eu não estava totalmente desesperado, afinal sabia que meu filho estava indo pra um lugar melhor e mais seguro do que esse, mas a dor de saber que eu não poderia segurar ele mais vez, que eu não poderia vê-lo crescer, era grande.
Coloquei o braço sobre o rosto e apertei os olhos tentando me controlar. Na verdade, era difícil de acreditar, quero dizer, Nolan atirou em mim várias vezes e eu sobrevivi. Por que meu filho não pôde ter a mesma sorte?
– E Nolan? - Perguntei abrindo os olhos e sentindo minha visão embaçar.
– Eu atirei nele, agora ele está morto. - Kenny disse.
– Mas como vocês me acharam? - Perguntei.
– Seu celular tem GPS, agente só precisou acessar pelo celular de Christian. - Kenny disse.
Murmurei um simples "hmm" para afirmar que tinha entendido e ouvi Kenny suspirar mais uma vez.
– Eu sinto muito. - Ele disse.
– Deus sabe o que faz.Kenny me olhou de um jeito estranho, como se eu tivesse dito a coisa mais louca do mundo, mas ao ver que eu continuei sério, ele sorriu.
– Tenho orgulho de você como se fosse seu pai. - Ele disse levantando e vindo na minha direção. - Tenho orgulho do homem que você é hoje, Justin. Sua mãe ficaria tão orgulhosa.
Encarei Kenny com os olhos cheios de lágrimas. Tentei segurar, mas estava difícil e meu peito doía. Apertei os olhos novamente sentindo as lágrimas que eu tanto segurei caindo.Soluçei e senti Kenny afagar minhas costas.
O que estao achando?



4 comentários:

  1. ah vlh como assim ele morreu? ele nao podia ): pqp.. tomara que o Juss saia logo do hospital e tudo fique bem (yn)

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  2. Jason :( porque o tadinho tinha que morrer ? espero que tudo fique bem (yn)

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  3. Jus10, vamossss ficar bem logo -v- (yn)

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