domingo, 1 de julho de 2012

Capítulo 32 Perdendo um amigo

Desci para pegar Harry e subi para meu quarto, todos me perguntaram se Justin estava bem, mas eu não falei nada, simplesmente peguei o garotinho e sumi nas escadas.

– Tá com sono, tá bebê - Perguntei à Harry enquanto tirava sua camisetinha suja de comida.

Dei um banho nele e o troquei, Lindsay tinha comprado umas roupas com um dinheiro que Chaz deu para esse uso, depois coloquei Harry na cama e fiquei deitada ao seu lado com a mão em sua barriga e o balançando daquele jeito.

– Sabe, meu amor... O tio Chaz está doente e... - Eu estava chorando enquanto acariciava e contava a Harry o que estava acontecendo. Eu sei que ele não estava entendendo nada do que era dito, mas eu queria conversar com alguém sobre aquilo, sabe, desabafar. - E a mamãe está triste com tudo isso... O papai está se fechando novamente, ele está tentando esconder o que sente e me ignora... Será que ele não vê que eu também estou triste? Principalmente porque eu perdi minha mãe à dias atrás... Ainda bem que eu tenho você agora, meu amor, assim eu sinto que ainda tenho um motivo pra viver porque eu sei que preciso cuidar de você, meu filho.

Harry sorriu e agarrou minha mão, a levando até a boca e mordendo de leve. Ri de sua atitude e lhe dei um beijo na testa.

O bebê dormiu em pouco tempo e eu fui tomar um banho longo, pensei muito e resolvi que deixaria Justin na dele, ele tinha problemas quando o assunto era mostrar o que sentia e eu devia respeitar isso, se ele precisava de um tempo sozinho, ele o teria.

Me troquei no banheiro mesmo e saí de lá. Vi Justin no quarto, deitado ao lado de Harry que estava acordado agora. Justin percebeu minha presença e se virou para me olhar. Para a minha surpresa ele estava chorando e parecia desolado.

Arregalei os olhos e me aproximei ajeitando a camisola, Justin se sentou e colocou Harry em seu colo brincando com os fios loiros do pequeno.

– O que aconteceu, amor? - Perguntei com cuidado e Justin abaixou a cabeça, ele estava, visivelmente, tentando conter o choro, mas não estava sendo bem sucedido em sua ação.

Alisei seu cabelo e ele segurou meu braço de leve, mas sem tirá-lo de sua cabeça.

– Ligaram do hospital. - Justin disse rouco, depois de um tempo.

– E como Chaz está? - Perguntei e Justin sorriu sem humor.

– Ele está morto agora, Jessie. - Justin me olhou com mais lágrimas prontas para caírem.

Eu abri a boca, mas não conseguia pronunciar nada, meus olhos arderam e eu estava perdendo o ar.

Ele está morto agora, Jessie.

Como assim, meu Deus?

Logo agora que eu estava começando a ter fé e acreditar na recuperação de Chaz, tudo se desmorona, ele morre... Isso não pode está acontecendo! Eu devo ter feito algo muito ruim em vidas passadas, não que eu acredite nisso, mas tudo agora valia para que eu soubesse o porquê de tanta coisa ruim está acontecendo comigo, quer dizer, eu sempre tive uma vida normal, eu ia à escola, eu ia à festas, eu ia ao shopping fazer compras, eu ia à ao cinema ter encontros com garotos, eu ia à igreja todo domingo, eu ia à casa das minhas amigas e minha vida se resumia a isso. Eu nunca saí do país, nunca perdi ninguém na minha vida, a coisa mais próxima que eu tive disso foi terminar com um namorado porque ele iria morar em Portugal, mas nada que envolvesse morte ocorreu em minha vida.

E tudo isso começou a acontecer depois daquele maldito sequestro. Bem, eu não posso dizer se ele foi realmente maldito porque foi através dele que eu conheci Justin e eu sou verdadeiramente grata por isso, mas será que vale perder tudo isso? Perder pessoas que eu amo?

É, isso com certeza não foi culpa de Justin, o problema é que as coisas ruins resolveram acontecer depois que eu conheci ele, foi só uma coincidência, uma triste e horrível coincidência.

Justin inclinou a cabeça e a colocou em meu ombro como se estivesse pedindo um abraço, eu então prontamente o abracei tomando cuidado com seu braço e comn Harry que estava entre nós.

– Ai meu Deus, Jessie! Eu perdi meu melhor amigo, meu irmão... Eu to sozinho agora, ele foi o único que não se afastou de mim depois que eu entrei no mundo do crime, ele era o único que ainda aguentava minhas idiotisses e grosserias... Era ele que dizia como te tratar e eu sei que sem ele eu não vou mais me safar dos meus momentos de fúrias, eu não vou saber como me desculpar... Jessica me ajuda, minha cabeça tá doendo tanto, eu não sei o que fazer, nem como agir... Eu to me sentindo perdido. - Justin disse me olhando enquanto chorava de um jeito desesperado.

Harry começou a chorar quando viu que nós dois chorávamos, ele que antes tinha ficado quieto perto de Justin pela primeira vez, ele parecia estar vendo que Justin estava se sentindo quebrado por dentro e havia se calado, apenas para que seu choro não fosse algo que atrapalhasse o momento de tristeza de seu novo pai. Coloquei o bebê em um dos meus ombros e ajudei Justin a se deitar na minha perna, cobri o corpo de Justin com um lençol e acariciei sua cabeça enquanto tentava fazer Harry dormir de novo.

– Eu deveria ter morrido... Eu deveria ter ido no lugar dele... Eu sempre fui um merda, um idiota e eu mereço queimar no inferno, mas... Mas Chaz, ele era um bom homem, ele era o único que me entendia... - Justin riu sem humor e deixou mais lágrimas caírem. - Qual é, nem meu pai me entende, nem ele me aguenta, ele me deixa sozinho pra cuidar disso tudo e eu só tinha Chaz pra me ajudar... Agora eu só tenho você e ele. - Justin disse olhando pra mim e levantando o braço sadio para tocar meu rosto, em seguida tocando a cabeça de Harry com o mesmo. - Por favor, Jessie, eu te imploro... Por mais que eu erre com você, por mais que eu aja como um completo otário e que eu diga coisas que te machuquem... Não me abandone também... Não me deixe sozinho... Eu... E-eu, eu... Eu preciso de você... Eu aceito que você me bata, me xingue, diga o quanto você me odeia por eu ter tirado sua vida normal de você e acredite, eu me arrependo disso, mas eu sou tão egoísta que eu faria tudo de novo só pra ter você aqui comigo... É por você, só por você que eu não largo tudo agora... É porque eu sei que você está sozinha agora que eu não vou até Marcos e me entrego, deixo que ele me mate e eu imploro a você, Jessica, se algum dia eu te magoar, me avise e se eu não der ouvidos fuja e vá ser feliz... Eu não sou capaz de dar o que você merece... Eu nem fui capaz de salvar meu único amigo...

Ouvi a tudo que Justin disse em silêncio enquanto eu chorava e não pude deixar de sorrir quando ele disse que eu era o único motivo para ele não largar tudo. Eu não sei se ele sabe, na verdade nem eu sei, mas acho que não teria coragem de deixá-lo e de uma coisa eu tenho certeza, ele era sim capaz de me fazer feliz, ele só precisava estar respirando porque eu me sinto feliz só de saber que ele está bem aqui ao meu lado.

Eu não sabia o que dizer, apenas coloquei o dedo em seus lábios para que ele se calasse e dei um sorriso confortante para ele que agarrou minha cintura com o braço sadio e enfiou o rosto em minha barriga. Acariciei seus cabelos torcendo para que ele parasse de chorar, torcendo para que a dor que ele estivesse sentindo acabasse ou ao menos se suavizasse.

Eu poderia té estar parecendo segura e conformada com a fatalidade, mas só Deus sabe o quanto me doía saber que eu teria que enterrar o melhor cara que eu já conheci na vida, me doía saber que eu nunca mais veria ele sorrindo ou ouviria a risada dele... Deus eu nunca mais sentiria aqueles abraços confortantes que só ele tinha, eu nunca mais ouviria ele falar o quanto eu era louca em dizer para a mulher do provador que ele tinha que agradar o namorado, nem ouviria seus suspiros de derrota quando eu o convencia a fazer algo... Eu nunca mais ouviria ele dizer que queria ser o tio do Harry e nunca mais ouviria ele me chamar de maninha. Chaz iria fazer falta, muita falta para todos nós. Uma falta irreparável.

O corpo de Justin estava mole, Harry estava igualmente quieto e os dois respiravam de um jeito calmo, sem choro. Com cuidado tirei a cabeça de Justin da minha perna e ajeitei sobre um travesseiro, coloquei Harry ao seu lado e o cobri com uma pequena manta. Antes de sair do quarto ajeitei o lençol em que Justin estava enrolado e lhe dei um leve beijo nos lábios para que ele não acordasse.

Desci as escadas e tudo estava em silêncio a não ser por um choro feminino vindo da cozinha, andei até lá e vi Lindsay cozinhando algo e chorando baixinho.

– Você já sabe? - Perguntei e ela se virou assentindo.

Corri até ela e a abraçei.

– Ele se foi pra sempre e eu... Eu nem pude dizer o que eu sempre quis. - Ela disse com toda a dor que sentia.

Afastei-a de mim e a encarei com a testa franzida.

– E o que você queria dizer a ele? - Perguntei enxugando minhas lágrimas.

– Eu queria agradecer a ele por sempre me ajudar e eu queria dizer que... Que eu o amo mais que tudo, mas eu sou tão covarde! - Ela disse e me abraçou com força.

Ela me lembrou algo, eu também não havia dito a ele o quanto ele era importante pra mim, o quanto eu o amava. E isso me fez pensar, será que ele se foi achando que ninguém sentiria sua falta? Será que ele se foi sem ter a chance de dizer algo importante? Será que ele se foi achando que ninguém realmente se importava com ele?

E então eu vi que aquela era a hora de dizer a Justin o que eu sentia antes que fosse tarde demais, antes que a vida o levasse de mim assim como fez com Chaz, o tirando de nós sem que antes tivéssemos dito o quanto ele foi importante e o quanto ele era amado e querido.

– Talvez ele esteja em algum lugar te ouvindo agora. Dizem que quando agente morre, viramos estrelas, você poderia ir lá fora à noite e falar as estrelas, quem sabe ele esteja lá te ouvindo, basta tentar. - Eu disse chorando e Lindsay apertou o abraço.

– Obrigada Jessica, você é minha melhor amiga e eu gosto muito de você. - Lindsay disse sorrindo em meio as lágrimas.

– Você é minha melhor amiga também e eu gosto muito de você, saiba que tudo o que eu puder fizer por você, eu vou. De agora em diante você e as meninas vão se vestir como qualquer mulher, nada de seios aparecendo ou coisas apertadas, quero que todas se sintam à vontade pra me dizer qualquer coisa. - Eu disse sorrindo e Lindsay me abraçou mais um vez, saindo em seguida.

Fui até a sala e me sentei no sofá cansada, meu choro era inconstante, eu chorava por alguns minutos e depois parava, então algo me lembrava Chaz ou minha mãe e tudo voltava. Minha cabeça estava doendo muito e eu precisava descansar um pouco. Me levantei para ir ao meu quarto quando vi Christian passar por ali, ele estava com o semblante triste e parecia ter chorado um pouco. Chris me olhou e deu um sorriso triste de lado.

– Quando vamos enterrá-lo? - Perguntei à Christian.

– Kenny está cuidando da liberação do corpo e assim que tudo estiver pronto, nós vamos velar o corpo dele e enterrar. - Christian disse e eu assenti.

– Ele acordou antes de... morrer? - Perguntei ainda não aceitando muito bem essa palavra.

– Não, o coração dele simplesmente parou de bater.

Assenti novamente e acenei sussurrando um "Tchau", então subi. Já era manhã, mas eu ainda não tinha dormido e era o que ia fazer agora, eu precisava estar descansada para aguentar ver Chaz de novo, dessa vez em um caixão.

Todos nós tínhamos perdido um amigo, um grande amigo.

O que estao achando?

3 comentários:

  1. AAWN CHOREI AGORA O MEU BEBÊ MORREU :'( não acredito nisso vééi o Chaz m..morreu omg que horrível -_-

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  2. a neeeeeeem :/ Chaz não podia ter morrido ;/ imagina que dahora seria se tivessem confundido o corpo? aah Chaz você vai fazer falta ai :/

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